As melhores rádios: FM 102.7 FM 95.9 FM 90.9 AM 1470

Sistema Rural de Comunicação

Rádios
do Grupo

Monoculturas contribuem com crise climática, mas sofrem consequências

Os sistemas atuais de produção de alimentos – baseado na monocultura extensiva e uso contínuo de agrotóxicos e água – estão entre os principais responsáveis pelas mudanças climáticas e pela perda de biodiversidade terrestre, respondendo por um terço das emissões de gases do efeito estufa e por 70% do uso de água doce. Ao mesmo tempo, esse mesmo sistema é altamente vulnerável a eventos climáticos extremos provocados por essas alterações no clima.

Secas, ondas de calor e inundações são responsáveis por perdas de lavouras, aumento no preço dos alimentos e problemas na cadeia de suprimento.

Outro risco surgido com as mudanças climáticas é a redução da disponibilidade de alguns nutrientes importantes para a dieta humana, como ferro, zinco e até mesmo proteínas.

Estudos realizados por três pesquisadores da Universidade de Harvard, em 2017 e 2018, estimaram que o aumento das emissões de dióxido de carbono podem provocar reduções de 3% a 17% desses nutrientes em itens de alimentação básica. O resultado disso seriam, até 2050, 175 milhões de casos adicionais de deficiência de zinco e 122 milhões de pessoas com deficiência proteica. Estima-se também um aumento do risco de deficiência de ferro para 1,4 bilhão de mulheres e crianças.

As mudanças climáticas são um dos temas discutidos por representantes de governos e especialistas reunidos na cúpula Nutrition for Growth (N4G), ou seja, Nutrição para o Crescimento, que ocorre até sexta-feira (28), em Paris.

Para Arlène Alpha, especialista do Cirad, órgão francês de pesquisa agronômica, o principal modelo de produção de alimentos hoje, baseado em grandes campos abertos de monoculturas, com processos padronizados e uso intensivo de agrotóxicos e de água, está fadado ao fracasso.

“Esse sistema de produção foi, na verdade, capaz de fornecer comida barata, mas o problema é o custo oculto disso. Os custos são muitos na nutrição e na saúde, mas também no meio ambiente, na perda de biodiversidade e nas mudanças climáticas”, explica a especialista.

Segundo ela, não há uma fórmula mágica para resolver o problema, mas há sistemas alternativos que têm bem menos impactos na saúde humana e no meio ambiente, e eles devem ser incentivados. Exemplos são técnicas de agroecologia e o uso de uma abordagem territorial, com o aproveitamento de recursos locais e conhecimentos indígenas.

“A agroecologia é uma alternativa ao sistema industrializado de produção de alimentos. Ela é baseada em práticas econômicas que são serviços ecológicos, mas não é só isso. É também sobre o empoderamento das mulheres, é sobre dar autonomia aos produtores acerca das sementes e ao direito de não usar produtos químicos. É também sobre conectar produtores e consumidores”, afirma Arlène.

A primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, que participa da N4G, disse que o agronegócio, um setor forte no Brasil, tem sua importância, mas que é preciso também olhar para o seu impacto nas mudanças climáticas.

O mundo em que vivemos não vai mais suportar o modelo de grande produção de alimentos, por isso, o investimento nos médios e pequenos agricultores familiares, talvez, seja a forma mais sustentável de enfrentarmos as mudanças climáticas. O grande produtor continua a ter importância, mas eles também precisam entender que o comprometimento com o meio ambiente é importante”.

Horta comunitária/jardim comestível na cidade de Maricá. Foto: Prefeitura de Maricá/ Divulgação
Horta comunitária/jardim comestível na cidade de Maricá. Prefeitura de Maricá/ Divulgação

Inovação em favor do clima

País que já sofre com condições climáticas adversas para a produção de alimentos, devido às altas temperaturas, baixa qualidade do solo e escassez hídrica, os Emirados Árabes Unidos apostam na inovação e pesquisa, conta a ministra das Mudanças Climáticas, Amna Al Shamsi.

“Através da inovação e da pesquisa científica, podemos conseguir saltos na nossa produção agrícola e no nosso desenvolvimento, podemos implementar um modelo de agricultura mais sustentável. Um dos nossos principais indicadores de performance é reduzir o desperdício agrícola em 50% até 2030. Outro é adotar práticas mais inteligentes em termos de clima em 30% das nossas fazendas”, afirmou.

Com um trabalho voltado principalmente para fornecer comida a pessoas afetadas por crises, entre elas, desastres climáticos, o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP) conta com o uso de dados e previsões climáticas para atuar em um futuro de eventos climáticos extremos mais frequentes.

“Em colaboração com a Organização Meteorológica Mundial, a Agência Espacial Europeia, a Nasa, Google e outros, nós usamos dados para prever quando haverá algum clima extremo, como secas ou enchentes, e agir antes que isso aconteça”, afirma Virginia Arribas, vice-diretora de Parcerias Privadas da WFP.

A N4G reúne representantes de governos, empresas e sociedade civil, de quatro em quatro anos, e é organizada desde 2013 por países que foram anfitriões das olimpíadas. A exceção foi o Brasil, já que a cúpula de 2017 foi em Milão. Entre os principais objetivos estão garantir compromissos políticos e financeiros do setor público, privado, de entidades filantrópicas, de organismos internacionais e de organizações não governamentais.

 

 

 

 

Fonte: Agência Brasil

Compartilhe nas rede sociais

Mais notícias

RN reduz em 28,2% e 12,8% crimes de roubos e furtos de celulares

Huol-UFRN recruta voluntários para estudo de novo medicamento contra depressão

RN pretende contratar mais 1,5 mil câmeras corporais para segurança pública

Coronel Araújo compara sensação de insegurança no RN com Israel: “Um lugar de paz, mas qualquer movimento diferente torna inseguro”

Nova Indústria Brasil recebe R$ 9,5 bilhões em crédito do Banco do Nordeste

Olá, como podemos te ajudar?